quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


Hoje estive com o meu pai. Vi-o a acariciar os aneis, a olhar ansioso para a minha felicidade e a contar-me, envergonhado, com boca de puto, de mentirinha fácil como é sempre a modéstia, como estava espantado por ter sido, ainda agora, elogiado como o melhor da turma no curso de escrita criativa e poesia que anda a fazer. Dei por mim a esboçar um sorriso envergonhado como se aquela confissão fosse demasiado intíma. Mas não era. Não lhe disse na altura mas quero pedir-lhe agora:  Escreve-me!... Quando deixamos de falar, por razões que conhece o quotidiano nesse homicidio lento e requintado que a rotina pratica sobre todos os amores, escreve-me. Escreve-me... que eu quero escrever-te também e assim podemos reler sempre as palavras boas, ou mesmo as más se as houver, depois de devidamente destiladas na nossa poesia. 
Preciso que me humildes com a tua poesia. Que me lembres que há que querer sempre mais das palavras e da vida. Que me estremeças e que saibas embalar-me logo a seguir. Preciso  querer muito chegar aí onde estás agora mas também que te esforces sempre por já não estares lá. 
Desculpa pedir-te isto. Quero que me faças querer.

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