terça-feira, 15 de março de 2011

O meu dia é o teu regresso.


O meu dia é o teu regresso. Meu amor.
O ar parado da espera. A entreter a metade de mim.
E eis que chegas para interromper o meu sonambulismo.
Para condensar as particulas de poesia suspensas no ar,
poeira visível de encontro á luz.
Um abraço denso e voltamos a ser inteiros.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Avó A.

Naquela noite parecia despedir-se. Os olhos, cada vez mais pequenos, aquosos, como se estivessem a virar-se para dentro. A despedirem-se também.
Olhar errante. Por nós, pelo tecto e paredes, pela luz, pelo agora.
Despedia-se porque já estava.
Porque ficava, invariavelmente, de fora deste tempo, que era agora deles. Que a excluiam também.
um gesto de enfado. A correrem as suas vidas.
Ela ali. Olhos pequenos e brancos a virarem-se para dentro.
Era bonita a vida
e, ainda assim,
já tinha passado.

o silêncio. dialecto do nosso amor

Descubro-te
no teu passeio pasmado pelo mundo
A deslizar pela beleza
que te segue já.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

........... vi hoje os velhos. O casal. Muito velhos. Amparando-se mutuamente sem que nenhum possa realmente fazê-lo. O mundo é, para eles, o pequeno cosmos entre os amparos..................
Demos as mãos,
entrámos pela vida dentro
e
fomos, fomos, fomos
.................................................

corrimão a guiar a mão cega da memória.

Olho para a minha vida inteira e está sempre lá. Sempre. Tantas vezes diferente. Tantas quanto eu. Sempre certo. Um marcador temporal. Um barometro emocional. Tantas vezes reinventado.
Agora. Hoje. É pleno. Cabem todos os tempos neste tempo agora.
Depois não é o futebol. Sabes, não é mesmo. É o resto. É o pátio de escola etilizado. É sentir que é através de nós, da improbabilidade de sermos estes, que se eterniza o clube. Porque também se eterniza esta maneira de ser. Este momento de sintonia. Nós. Juntos. A voltarmos do mundo para junto dos nossos.
O futebol?
O futebol chega a ter pouco que ver com isto.
Então, umas cervejas depois, fazemos viver o passado. Nossos pais, tios, amigos deles. E nós, de cerveja em cerveja, a não deixarmos que se dilua, inexorável e cruelmente, no esgar dos dias.
Tem que ver com esperança e com partilha. Com memórias e amor.
Um clube, uma linha temporal- corrimão a guiar a mão cega da memória.
Afinal quantas lágrimas rebeldes, quantos abraços sentidos, quantas frustrações partilhadas; quanto tempo passou enquanto comungávamos amores?
Assim prestamos homenagem, resgatamos os tempos felizes, cumprimos sonhos antigos. Assim vivendo-o fazemos com que viva.
Honramos nada mais que a nossa felicidade.
O futebol? É um jogo giro....

sábado, 8 de janeiro de 2011

Meu amor.
E a poesia viva. Entre nós.
Sem palavras, sem procura.
Só assim.
O infinito inteiro
entre a nossa pele.