
Morre um dia inteiro em nós.
Respiramos um tempo
novo, nosso.
Exalamos passado.
Construimos uma vida
toda;
o amor veio,
sereno, etéreo, tácito.
Reiventámos a ausência;
fizemos do silêncio
a poesia dos dias;
Crescemos por dentro,
envelhecemos por fora.
A paixão,
traição do eterno,
ficou para nos fazer sorrir;
é outro o nosso Universo a dois :
tem dias de luz branca,
cumplicidades caladas,
simultâneos distantes;
e o coração,
ainda agora,
a bater depressa
depressa,
a fazer viajar um único sangue
o nosso;
e a tua pele branca a forrar a memória;
e a ternura
sempre a ternura
nosso mapa,
nossa paisagem contínua,
a nossa despedida dos fins e da tristeza
toda.